Não é de hoje que as pessoas questionam aquilo que aparece refletido no espelho, poucos estão realmente satisfeitos com o que de fato é. Mas porque será que sempre estamos incomodados com a nossa “aparência”? Porque será que sempre temos um defeito para pontuarmos? “Estou meio gordo”, “estou muito magro”, “meu nariz é horroroso”, meu cabelo poderia ser de outra forma”. Já parou para pensar que o “outro” é sempre uma referência? Que geralmente o “vizinho” tem aquele abdômen dos sonhos, tem aquele cabelo legal, tem aquela imagem idealizada, tanto que quando alguém se queixa da própria aparência, logo soltamos o clássico “imagina, você está ÓTIMO”, eu é que estou precisando melhorar”.
A valorização do corpo atualmente produz níveis de status de felicidade perante o meio que se vive, o culto ao corpo está diretamente ligado à capacidade de vender uma boa imagem ao contexto social.
Pensando de uma maneira pragmática, porque será que o indivíduo sempre está insatisfeito com aquilo que vê no espelho?
A ânsia de sempre querer mais está diretamente ligada ao consumismo atual, vivemos em um mundo atualmente competitivo, onde “vender felicidade” é sinônimo de sucesso. Ninguém compartilha no Facebook a foto da barriga flácida nem a cara sem maquiagem logo cedo ao sair da cama.
Quando nos deparamos com a realidade, que vivemos uma vida sem glamour, (salvo as exceções das celebridades) sem grandes destaques, acabamos por voltar o olhar para o próximo e se questionar se somos mais felizes e satisfeitos que o próximo.
A resposta sempre será NÃO, pois o outro da mesma maneira, também está preocupado em vender felicidade, consequentemente gerando a eterna insatisfação com aquilo que se tem, resultando na baixa autoestima e na fragilidade de se conseguir acreditar nas reais potencialidades.
Seriamos muito mais felizes se não estivéssemos tão preocupados em ser mais felizes e mais realizados que o vizinho.
Aquele que se conhece e se percebe, matura aquilo que de fato é essencial, separando daquilo que é trivial e desnecessário.
Assumir o que de fato se é com certeza não é uma tarefa das mais fáceis, é mais cômodo e mais tranquilo se manter na sombra daquilo que não corresponde a sua verdadeira realidade.
“Ser”, como construção pessoal é fruto da responsabilidade assumida com relação à própria existência, na busca de mantê-la e aperfeiçoá-la.
“Não ser” é consequência da irresponsabilidade de quem não assumiu sua vida como deveria.